segunda-feira, 16 de março de 2015

MOBILIDADE URBANA: PROBLEMAS E SOLUÇÕES PARA A REGIÃO DOS LAGOS

Centro de Araruama


MOBILIDADE URBANA: PROBLEMAS E SOLUÇÕES PARA A REGIÃO DOS LAGOS


INTRODUÇÃO

A questão da mobilidade urbana é de interesse de todos e a nossa Região dos Lagos não poderia ficar de fora desta discussão, em grande parte devido a obrigatoriedade que se tornou este tema com a entrada em vigor da Lei Nº 12.587, de 03 de janeiro de 2012, que obriga os Municípios acima de 20.000 (vinte mil) habitantes à elaboração do Plano de Mobilidade Urbana integrado e compatível com os planos diretores. A Região dos Lagos, que é composta por sete municípios banhados em quase sua totalidade pela laguna de Araruama, é de suma importância estratégica e econômica para o estado do Rio de Janeiro, conta com um aeroporto internacional na cidade de Cabo Frio e um heliporto em Armação dos Búzios. As rodovias que ligam a Região a Capital Fluminense são a RJ-124, a BR 101, a RJ 102, a RJ 106, que serve de rota alternativa a RJ – 124, por não ser pedagiada, e por fim a RJ – 128 que conecta a RJ – 124 (via lagos) a RJ – 106 (via serra) no distrito de Bacaxá em Saquarema. A grande extensão territorial da Região, 2.004,003 km², provoca deslocamentos constantes entre seus mais de 538.650 habitantes. O número excessivo de veículos e a inexistência de um projeto de mobilidade urbana para a Região, a fim de solucionar os problemas de engarrafamentos e acidentes de trânsito, principalmente nos finais de semana e nas férias escolares, provoca situações insustentáveis e sem perspectivavas para o futuro
O presente trabalho pretende mostrar que a solução destes problemas em nossa Região depende de uma melhor e mais eficaz fiscalização e aplicação da lei; mudança de comportamento de atitude de sua população; esforço dos Agentes Públicos Municipais e Estaduais para melhorar a infraestrutura das estradas; e uma boa educação, a fim de preparar indivíduos mais conscientes de seus deveres e obrigações perante cada membro da sociedade onde vive.

ENTENDENDO O QUE É MOBILIDADE URBANA

Não devemos entender a Mobilidade Urbana apenas como uma possibilidade de deslocar se facilmente pela cidade dependendo apenas da modalidade de transporte (seja público ou privado).

Nós entendemos que Mobilidade Urbana é muito mais do que este conceito possa nos dizer. Seria à condição necessária oferecida pela cidade ao deslocamento de pessoas ou cargas para qualquer lugar dentro do espaço urbano, com facilidade, tranquilidade, segurança, conforto, higiene, independência, em um limite de tempo razoável, respeitando as limitações físicas do indivíduo, o meio ambiente, suas condições sociais e financeiras, utilizando qualquer tipo de meio físico que o possibilite a exercer suas atividades de lazer, trabalho, estudo, prática de exercícios físicos de forma livre e democrática.

PROBLEMAS RELACIONADOS A MOBILIDADE URBANA REGIÃO

  • ÔNIBUS: apesar de contar com linhas regulares de transporte coletivo de passageiros integrando todos os sete municípios na Região dos Lagos com veículos acessíveis a cadeirantes; bilhetagem eletrônica, câmeras de segurança, ainda nos falta horários durante a madrugada, principalmente durante os finais de semana; sinais sonoros dentro dos veículos que indiquem os pontos de parada, a fim de facilitar a vida das pessoas portadoras de deficiência visual; veículos refrigerados, devido ao intenso calor, principalmente no verão

  • PONTUALIDADE: falta de tabelas de horários nos pontos, atrasos, devido a lentidão nos deslocamentos em razão da sinalização semafórica, velocidade controlada dos veículos, pontos de paradas muito próximos, o que impede um desempenho melhor dos ônibus e consequentemente mais rapidez nos deslocamentos; engarrafamentos, principalmente na férias escolares e finais de semana prolongados por feriados;

  • ACOSTAMENTO: a falta de acostamentos em grande parte das vias de acesso as cidades ou até mesmo dentro delas faz com carros e ônibus parem na pista de rolamento causando retardamento do trânsito e até mesmo acidentes;

  • CICLOVIA: a falta de espaço destinado à circulação de bicicletas separada da pista de rolamento e dos demais modos de circulação.

  • CALÇADA: considerada parte integrante da via e destinada ao trânsito de pedestres esta ausente em todas as vias de acesso a Região, o que faz o pedestre circular na pista de rolamento sujeitando-se a serem vítimas de acidentes de trânsito;

  • SINALIZAÇÃO: a ausência e má conservação das sinalizações vertical e horizontal em alguns trechos das rodovias estaduais na Região dos Lagos, principalmente na RJ 106, dificulta e põem em risco a vida de quem utiliza, principalmente, os meios não motorizados para fazerem os seus deslocamentos;


A dificuldade de se transitar por qualquer meio pela RJ 106, no trecho que compreende o distrito de Sampaio Correia (Saquarema) à Cabo Frio ou mesmo pela RJ 124, entre a saída da via lagos e a entrada de Araruama, até o trevo da gigi, onde se integra a RJ 106, é enorme, tanto para motoristas, pedestres e usuário de ônibus, não existem vias adequadas para os meios alternativos e constantemente ocorre acidentes fatais devido a falta de segurança viária e o grande número de transporte clandestino de passageiros que colocam em risco a vida de quem não tem paciência em aguardar o transporte regular.




CONSTRUINDO SOLUÇÕES PARA MOBILIDADE EM NOSSA REGIÃO

O cenário ideal para a Região dos Lagos na questão da Mobilidade Urbana passa pela duplicação da principal via de ligação entre os municípios, que é a RJ 106, trecho que compreende o distrito de Sampaio Correia (Saquarema) até o município de Cabo Frio, além disso podemos citar:

Construção de faixas exclusivas para ônibus: estabelecer prioridade a este tipo de transporte público eliminando a interferência causada por outros veículos, dando mais agilidade nos deslocamentos e aumentando a velocidade média dos ônibus sem contudo ultrapassar a velocidade permitida por lei:

Pontos de embarque e desembarque para passageiros – infraestrutura diferenciada com disponibilização de informações: os usuários devem ter mais conforto durante o tempo de espera e disponibilização de informações como lista das linhas que atende aos pontos; itinerário das linhas; quadro de horário das viagens; mapas das linhas que atendem ao ponto e cidades; e mapa dos arredores com a indicação dos principais equipamentos urbanos;

Além disso: câmeras de monitoramento associada à sinalização de regulamentação implantada ao longo de todo o corredor, a fim de coibir a circulação de outros veículos que não sejam do transporte coletivo de passageiros; ciclovias devidamente sinalizadas destinada a circulação de bicicletas; calçadas para pedestres; estacionamentos para bicicletas próximo a parada dos ônibus; construção de um terminal rodoviário intermunicipal na cidade de Araruama fora do centro da cidade com estacionamentos para bicicletas e demais veículos.
Entendemos que os modos de transportes não motorizados devem ser integrados aos pontos de parada dos coletivos de forma que sejam previstos estacionamentos para bicicletas, a fim de estimular o seu uso; além de estacionamento para veículos motorizados para transporte individual.

A prática do compartilhamento de bicicletas vem ganhando força em algumas cidades do Brasil e pode ser uma alternativa eficiente para cobrir pequenas distâncias onde existe escassez de transporte ou falta de estacionamento.

A laguna de Araruama também é vista com muito potencial para exploração e integração entre os municípios através do transporte aquaviário. Este tipo de transporte, pode, a princípio, ser subsidiado pelo Governo do Estado, podendo ser integrado ao transporte coletivo rodoviário de passageiros e ao transporte não motorizado sendo uma alternativa eficiente, principalmente, no verão onde o número de turistas na Região cresce proporcionalmente ao número de veículos causando engarrafamentos e acidentes de trânsito.
Outra solução eficiente é a integração temporal das linhas de ônibus através de cartão o que permite ao usuário do transporte coletivo trocar de ônibus em qualquer lugar da cidade por um tempo predeterminado pagando apenas uma passagem. Este sistema integrando as linhas municipais com as linhas intermunicipais vai gerar uma economia grande no bolso do usuário e permitir a equidade no acesso dos cidadãos ao transporte público coletivo cumprindo um dos princípios da política nacional de mobilidade urbana.


A EDUCAÇÃO COMO FERRAMENTA DE TRANSFORMAÇÃO

A educação é de longe a melhor ferramenta de transformação de uma sociedade para a formação de indivíduos mais conscientes. Devemos investir nas crianças e adolescentes da Região dos Lagos. O conhecimento sobre as leis do trânsito, Mobilidade Urbana e sustentabilidade levarão estes jovens a pensar de forma diferente, inclusive orientando os seus pais para a preservação do meio ambiente e pela não utilização dos carros para pequenos deslocamentos que possam ser feitos a pé ou de bicicleta.

A formação de indivíduos politizados e esclarecidos, que cobre políticas públicas de mobilidade urbana aos seus representantes no Legislativo e Executivo, e não fiquem de braços cruzados com a inercia governamental, produziram em médio prazo mudanças comportamentais e com certeza veremos pedestres e motoristas respeitando as faixas de travessia, as sinalizações de trânsito, estas, por sinal, tão deficientes hoje nos municípios da Região dos lagos, e mais usuários de bicicletas e ônibus, sem nenhum preconceito. Esta consciência sobre a responsabilidade que cabe a todos nós deve ser aprendida para que no futuro os veículos motorizados individuais sirvam apenas para os passeios, enquanto o transporte coletivo de passageiros e os veículos não motorizados sirvam para trabalhar.

O que devemos ter em mente é que a nossa Região deve ser feita para as pessoas e não para os carros, proporcionando a seus habitantes o acesso amplo e democrático ao espaço urbano por meio da priorização dos modos não motorizados e coletivos de passageiros.



CONCLUSÃO


Hoje, a baixíssima qualidade da mobilidade observada na maior parte de nossas cidades tem repercussões sobre a produtividade média dos trabalhadores, o que desfavorece o crescimento da Região como um todo.

Devemos, porém, deixar de pensar a Mobilidade Urbana associada apenas a questão do deslocamento físico e à facilidade de acesso a distintos destinos de viagens. A nova forma de vermos a Mobilidade Urbana enfoca a crescente valorização do pedestre e das interações humanas e sociais. Por essa segunda visão, a identificação do cidadão com a cidade torna-se muito mais importante do que a velocidade em que este se desloca.



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Toni Saltarelli